terça-feira, 21 de setembro de 2010

O caso de Nathaniel Wu

Nathaniel Wu, na época com 30 anos, trabalhava em um dos melhores laboratórios de pesquisa do mundo e tinha uma excelente reputação como pesquisador criativo e trabalhador dedicado. Seis meses após o nascimento de seu filho, Nathaniel e a esposa de 29 anos decidiram que era o momento de procurar um emprego mais estável e financeiramente seguro. Assim, foi com grande interesse que ele leu em uma revista científica uma boa oferta de emprego na Intercontinental Pharmaceutical Corporation – IPC. Candidatou-se imediatamente e foi selecionado pela companhia para se submeter a uma entrevista de seleção, para um cargo em sua equipe especial de pesquisa.

A Dra. Peters, chefe do comitê de pesquisa, teve uma série de entrevistas com Nathaniel e com outros três candidatos qualificados. Apesar de sua boa qualificação, os outros candidatos não tinham a mesma determinação e objetividade de Nathaniel Wu. Ela ouviu com atenção quando Nathaniel apresentou suas últimas descobertas para a equipe de cientistas do IPC. Eles também ficaram impressionados como conhecimento de Nathaniel, com sua habilidade como pesquisador e com seu potencial para contribuir com a equipe de pesquisa. Nathaniel prometia ser o tipo de candidato como perspectiva de ter uma longa e produtiva carreira na IPC, e era o tipo de pessoa que a equipe estava procurando.

Como Nathaniel era um cientista bem qualificado, havia uma expectativa de que seu conhecimento e dedicação à pesquisa resultassem na descoberta de novos medicamentos e tratamentos, principais objetivos desse projeto especial de pesquisa. Tais descobertas poderiam melhorar a qualidade de vida de inúmeras pessoas e aumentar dramaticamente os lucros da IPC. Para a empresa, investir alguns milhões de dólares para montar e sustentar o laboratório de Nathaniel parecia um bom investimento.

Havia, porém, uma pequena informação adicional que a Dra. Peters necessitava, antes de recomenda-lo ao Comitê de Seleção de Pessoal. Nathaniel teve de se submeter a exames de sangue para determin ar seu perfil genético, como todos os outros candidatos. O exame revelou que Nathaniel era portador do alelo para a doença de Huntington (coréia de Huntington). Quando perguntado sobre isso, Nathaniel revelou não saber nada a respeito de sua história familiar, porque havia sido adotado muito jovem. Após se submeter a um aconselhamento genético sobre as implicações dessa revelação, Nathaniel ainda desejava o emprego.

Para ter uma idéia mais clara do impacto dessa nova informação sobre sua recomendação, a Dra. Peters requisitou informações do diretor médico da IPC. As informações foram as seguintes:

A doença de Huntington (DH) é uma doença genética, com herança autossômica dominante; sua incidência na América do Norte é de 1 em cada 20mil pessoas, sendo extremamente rara em orientais. Pessoas portadoras do alelo para DH irão, em certa época da vida, em geral entre 35 e 45 anos, desenvolver os sintomas da doença. A enfermidade caracteriza-se pela degeneração progressiva de células nervosas no sistema nervoso central. O paciente começa a ter movimentos involuntários, com contorções nos braços e pernas e espasmos faciais. Alterações da personalidade, além de risadas impróprias, crises de choro, episódios de fúria, perda de memória, e comportamento bizarro, quase esquisofrênico, podem preceder ou suceder os distúrbios de movimento; o quadro clínico é muito variável. A enfermidade é fatal, com a morte ocorrendo entre 50 e 60 anos. O paciente geralmente entra em estado quase vegetativo nos últimos anos de vida. Apesar de não ser possível prever a idade precisa do início dos sintomas, o fato de Nathaniel ter atingido os 30 anos sem ter apresentado nenhum sintoma identificável significa que ele tem aproximadamente 60% de chance de que os sintomas se iniciem por volta dos 40 anos. Logo após o início dos sintomas, uma pessoa com doença de Huntington torna-se geralmente incapaz de realizar de modo seguro e produtivo os afazeres de um laboratório. O tratamento medico de um paciente com DH pode ser extremamente caro, requerendo internações em hospitais ou casas de saúde. Mesmo sem testar a Sra. Wu, pode-se prever que seu filho tem 50% de chances de ser portador do alelo para DH.

A Dra. Peters passou a enfrentar um dilema de consciência. Deveria recomendar a contratação de Nathaniel Wu pela IPC? Por um lado, ela sabia que sua habilidade como cientista o qualificava muito bem para o projeto científico especial. Ele poderia auxiliar a IPC a desenvolver novos produtos e trazer uma grande quantidade de inovações com a sua experiência laboratorial, o que seria uma vantagem para IPC no combativo e competitivo mundo da indústria farmacêutica. Ela também sabia que o objetivo da equipe de pesquisa especial era realizar um trabalho a longo prazo, e ninguém podia prever quanto tempo iria levar para se descobrirem novas drogas e trataemntos. Ela não podia saber por quanto tempo Nathaniel se manteria como um cientista ativo. A IPC estava investindo uma grande soma de dinheiro para levar avante esse projeto especial de pesquisa. Os gastos médicos e outros custos como seguro para invalidez, se Nathaniel começasse a desenvolver os sintomas, seriam elevados. Em vista disso a Dra. Peters decidiu listar os prós e contras da contratação de Nathaniel para seu grupo especial de pesquisa e levar essa informação para o Comitê de Seleção de Pessoal da IPC.

[O caso de Nathaniel Wu é uma situação hipotética de como informações gerada pelo Projeto Genoma Humano poderiam ser utilizadas para discriminar pessoas.

O texto que vocês acabaram de ler faz parte de uma proposta de atividade do livro MAPPING AND SEQUENCING THE HUMAN GENOME: SCIENCE, ETHICS AND PUBLIC POLICY (MAPEANDO E SEQÜENCIANDO O GENOMA HUMANO: CIÊNCIA, ÉTICA E POLÍTICA PÚBLICA).
LEIA E REFLITA O TEXTO ACIMA E CONCLUA SOBRE A PROBLEMÁTICA ABAIXO

Escreva uma razão por quê a IPC deveria contratar Nathaniel Wu para seu grupo especial de pesquisa e uma razão por quê não deveria contratá-lo. Tenha em mente as seguintes questões: uma empresa tem direito de submeter seus funcionários e aspirantes a cargos a exames genéticos? Tal procedimento deveria ser legalizado ou proibido por lei? Empresas de seguro-saúde têm direito de solicitar exames genéticos e recusar segurados, ou cobrar preços diferenciados para os que tenham possibilidade de manifestar doenças hereditárias?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Plataforma Ambiental - Eleições 2010





A Plataforma Ambiental para o Brasil é uma iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e traz os princípios básicos e alguns dos temas que deverão ser enfrentados na próxima eleição a presidente e legisladores federais (senadores e deputados federais).

A Plataforma é um chamado para que o eleitor se sinta compelido a participar ativamente desse processo, procurando saber o que seus candidatos pensam sobre as questões ambientais ou até incentivando seus candidatos a conhecer e se comprometer com as principais propostas relacionadas ao tema.


A ideia não é, absolutamente, esgotar todos os temas relacionados às questões ambientais, mas relacionar alguns dos grandes problemas e desafios atuais no país que podem (e devem) ser encaminhados e, se possível, revertidos pelos próximos dirigentes e legisladores.

Mais informações:

James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins

Nome: James Dewey Watson
Nascimento: 06 de abril de 1928 - hoje tem 82 anos
Nacionalidade: Norte Americano - Chicago
Área de Atuação: Biologia - Genética
Conhecido por: Descobrir a estrutura do DNA
Prêmios: 
Nobel de medicina/fisiologia em 1962 "pela descoberta da estrutura do DNA"
Medalha Copley em 1993 "em reconhecimento a sua busca incansável sobre os mistérios do DNA, desde a elucidação da estrutura até as implicações sociais e médicas do sequenciamento do genoma humano."

Nome: Francis Harry Compton Crick
Nascimento: 08 de junho de 1916
Morte: 28 de julho de 2004 (88 anos) - San Diego - California - Câncer no cólon
Nacionalidade: Norte Americano - California
Área de Atuação: Física - Biologia Molecular
Conhecido por: Descobrir a estrutura do DNA
Prêmios: 
Nobel de medicina/fisiologia em 1962 "pela descoberta da estrutura do DNA"



Nome: Maurice Hugh Frederick Wilkins
Nascimento: 15 de dezembro de 1916
Morte: 05 de outubro de 2004 (87 anos) - Inglaterra - Londres
Nacionalidade: Nova Zelândia - Wairarapa
Área de Atuação: Biologia Molecular
Conhecido por: Difração do DNA por raios-X
Prêmios: 
Nobel de medicina/fisiologia em 1962 "pela descoberta da estrutura do DNA"








História
Quando, em abril de 1953, James Watson e Francis Crick publicaram na revista Nature um pequeno artigo de uma página descrevendo a estrutura da mólecula de DNA, talvez não tivessem idéia dos rumos que tomaria a biologia dali em diante. Cinqüenta anos depois, ambos seriam testemunhas da conclusão do sequenciamento do genoma humano, alardado por muitos como o maior feito científico dos últimos cem anos.
Watson e Crick assistiram também à descoberta de formas de intervir no DNA, que levaram à criação de organismos geneticamente modificados, programados para produzir proteínas de interesse médico ou econômico: o segredo da vida nunca esteve tão próximo. Da mesma forma, o estudo do DNA conservado em fósseis revolucionou a paleontologia ao reconstruir com detalhes inéditos a história do surgimento da espécie humana e de sua dispersão pelo globo.
O prêmio Nobel em medicina foi proferido aos três cientistas que trabalharam juntos para obter a molécula de DNA.



Fontes: BBC - The Cell (parte 2 - A química da vida)
http://en.wikipedia.org/wiki/James_D._Watson
http://en.wikipedia.org/wiki/Francis_Crick
http://www.achievement.org/autodoc/page/wat0pro-1

Johann Friedrich Miescher

Nome: Johann Friedrich Miescher
Nascimento: 13 de agosto de 1844 
Nacionalidade: Suíço - Basel
Morte: 26 de agosto de 1895 em Davos - Suíça - tuberculose
Área de atuação: Biologia
Conhecido por: Descoberta dos ácidos nucléicos

Histórico
Em 1869, Johann Friedrich Miescher, um bioquímico que trabalhava na Alemanha, isolara, a partir de bandagem impregnadas de pus fornecidas por um hospital local, uma substância que chamara de "nucleína". Como pus é primordialmente formado por glóbulos brancos - que, ao contrário dos glóbulos vermelhos, possuem um núcleo e, portanto, cromossomos contendo DNA -, Miescher se deparara com uma boa fonte de DNA. Mais tarde, quando descobriu que a "nucleína" só era encontrada nos cromossomos, compreendeu que sua descoberta não fora pouca coisa. Em 1893, escreveu: "A hereditariedade garante, de geração a geração, uma continuidade de forma num nível ainda mais profundo que o da molécula química. Faz parte dos grupos atômicos estruturais. Nesse sentido, sou partidário da teoria da hereditariedade química".






quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Os limites da ciência.

Incapazes de montar um argumento científico eficiente, os defensores do Projeto Inteligente e das formas mais antigas de criacionismo recorrem à retórica. Eles afirmam, por exemplo, que a evolução é na verdade uma ideologia, nascida de um culto ao naturalismo, que afirma que Deus não tem função no universo e que os eventos possuem apenas causas naturais. Os darwinistas “aderiram ao mito a partir do interesse próprio e do desejo de eliminar Deus”, escreve Phillip Johnson, um professor de direito e criacionista confesso. Johnson afirma que os biólogos evolutivos se recusam a considerar a possibilidade de que uma intervenção sobrenatural tenha influenciado o universo e estão cegos diante das fraquezas da evolução. Em uma audiência justa – na qual a intervenção divina pudesse ser considerada uma explicação possível para a história da vida –, Johnson afirma que o criacionismo venceria.
No entanto a ciência, tome ela a forma da química, da física ou da biologia evolutiva, só pode explicar as regularidades do mundo. Se deus mudasse a massa do próton a cada manhã, seria impossível para os físicos fazer qualquer previsão sobre como os átomos funcionam. O método científico não afirma que os acontecimentos só podem ter causas naturais, mas que as únicas causas que podemos entender, cientificamente, são as naturais. E por mais poderoso que possa ser o método científico, ele é mudo a respeito de coisas além de sua área. Forças sobrenaturais estão, por definição, acima das leis da natureza e assim estão além do objetivo da ciência.
Johnson e outros criacionistas dirigem sua fúria contra a biologia evolutiva, mas na verdade estão atacando todos os ramos da ciência. Quando os microbiólogos estudam um surto de tuberculose resistente, eles não pesquisam a possibilidade de que seja um ato de deus. Quando os astrofísicos tentam determinar a sequência de eventos pela qual uma nuvem primordial condensou-se em nosso sistema solar, eles não desenham simplesmente uma caixa-preta entre a nuvem e os planetas formados e escrevem dentro dela: “Aqui aconteceu um milagre.” Quando os meteorologistas não conseguem prever o rumo de um furacão, eles não afirmam que deus tirou a tormenta do seu curso.
A ciência não pode simplesmente entregar o desconhecido na natureza ao divino. Se o fizer, não restará ciência alguma. Como diz o geneticista Jerry Coyne, da Universidade de Chicago, “se a história da ciência nos mostra alguma coisa, é que não vamos à parte alguma chamando nossa ignorância de ‘Deus’”.
A “ciência da Criação” não influencia de modo algum a forma como os cientistas praticantes estudam a história da vida. Os paleontólogos continuam a descobrir fósseis importantes para o nosso entendimento de como os humanos, as baleias e outros animais surgiram. Os biólogos desenvolvimentistas continuam a listar a sinfonia dos genes construtores de embriões para entender como aconteceu a explosão cambriana. Os geoquímicos continuam a descobrir pistas isotópicas sobre quando a vida apareceu pela primeira vez na Terra. E os virologistas continuam a descobrir estratégias que vírus, como o HIV, usam para vencer seus hospedeiros. Para todos eles a biologia evolutiva, e não o criacionismo, permanece sendo a fundação de seu trabalho.
No entanto, apesar de seu fracasso como ciência, os criacionistas continuam tentando, tão tenazmente como sempre, obter o controle do modo como as escolas públicas americanas ensinam ciência. [...]


Fonte: ZIMMER, Carl. O Livro de Ouro da Evolução. Traduzido por Jorge Luis Calife. Rio de Janeiro: Ediouro. p.520-522, 1998.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Louis Pasteur e a derrota da abiogênese

Louis Pasteur (1822 - 1895) derrubou a teoria da abiogênese que cegou por muitos anos a ciência, com um experimento simples e arranjado às pressas para poder participar de um concurso proposto pela Academia Francesa de Ciências, que deseja por um ponto final nessa disputa entre os defensores da abiogênese com os da biogênese. Pasteur vence o concurso e encerra de vez essa discussão que perdurou por séculos. 
O vídeo é interessante, vale a pena conferir.




O experimento de van Helmont

Johannes (ou Jan) Baptista van Helmont pode ter sido um grande médico, químico e bioquímico em sua época (1579 - 1644), mas como naturalista (atualmente biólogo) não teve tanta sorte. Seu experimento de criar ratos espontâneamente (abiogênese) causou anos e anos de erros científicos. Acompanhem a simulação do seu experimento no vídeo abaixo.


Fonte: BBC - The Cell

Abiogênese X Biogênese

Esse vídeo conta como foi a disputa entre os defensores da abiogênese contra os da biogênese, quais foram seus experimentos e como a teoria da abiogênese foi derrubada de vez.


Fonte: History Channel - A origem da vida (How life began)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ossos do corpo humano

Os esquemas a seguir ilustram o sistema esquelético na espécie humana. Mais de duzentos ossos (206) compõem o sistema esquelético humano. Os ossos são fortes e leves, em uma pessoa de 50 kg de peso, os ossos correspondem apenas a 7kg.
Observem que os ossos do crânio apresentam suturas entres eles, por isso dizemos que são ossos imóveis. Essas suturas, em crianças recém-nascidas, são tecidos conjuntivos macio entre os ossos do crânio, denominadas moleira ou fontanela. A moleira permite que os ossos se acomodem ao crescimento rápido do cérebro e também facilita a passagem da cabeça do bebê pelo canal vaginal na hora do parto. Após 2 anos de idade a moleira é substituída por tecido ósseo. 
Clique nas imagens para ampliá-las.



As estruturas representadas abaixo, em azul, tratam-se de tecidos conjuntivos que fazem o ligamento entre os ossos, denominadas cartilagens costais. Essas cartilagens são fundamentais durante a respiração, permitindo que a caixa torácica aumente de volume. Os discos entre as vértebras da coluna são chamados de discos intervertebrais e atuam como almofadas impedindo o choque entre as vértebras quando andamos ou corremos.




Os ossos dos membros superiores são:



Os ossos dos membros inferiores são:



Fonte: Sobotta - Atlas of Human Anatomy

Antoni van Leeuwenhoek

Caros alunos, segue abaixo o vídeo contendo uma parte da história do grande cientista holandês Antoni van Leeuwenhoek (1632 - 1723), responsável pela criação da primeira lente que possibilitou observar os seres microscópicos.
Esse vídeo é um trecho do filme produzido pela emissora norte-americana BBC, chamado The Cell (A célula).